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Aparentemente inocentes, mas
muito perigosas

Retirado de: MASSENA, Elisa Prestes, GUZZI FILHO, Neurivaldo José de e SÁ, Luciana Passos. Produção de casos para o ensino de Química: uma experiência na formação inicial de professores. Química Nova [online]. 2013, v. 36, n. 7

Júnior tem 16 anos, mora numa comunidade de baixa renda com seus pais e dois irmãos. Ele leva uma vida rotineira, sempre vai à escola pela manhã com seus amigos (Anderson, Felipe e André) e seu irmão mais novo, Paulo. Dois de seus amigos, Felipe e André ficaram doentes e não estavam frequentando a escola. Alguns dias depois seu irmão também apresentou os mesmos sintomas. Todos acreditavam ser apenas uma virose, sem importância.

Júnior, inquieto e preocupado com a situação foi ao médico com seu irmão e ao informar os sintomas (dor de cabeça, vômito, dores abdominais e fadiga) foi diagnosticada contaminação pelo acúmulo de metais no organismo (zinco, mercúrio, cádmio, chumbo, lítio, entre outros). Esse mesmo diagnóstico foi apresentado aos amigos de Júnior.

Júnior ficou perplexo com o fato de haver metais no organismo de seus irmãos e amigos. Mesmo sendo medicados, Júnior continuou preocupado e procurou sua professora de química, Luíza, para saber mais a respeito desses elementos presentes no organismo de pessoas daquela comunidade. Cheio de dúvidas, fez muitas perguntas: o que é metal? Em nosso cotidiano, onde encontramos esses metais? Depois do uso, o que fazer com esses metais?

A professora pediu um tempo para buscar maiores informações sobre o que estava acontecendo na comunidade, para pesquisar e procurar colegas especialistas no assunto. Luíza percebeu em sua pesquisa que os metais citados por Júnior, fazem parte da composição de pilhas e baterias usadas em nosso dia a dia, que devem ser recolhidos e mandados ao descarte depois do uso.

Júnior recebeu as informações da sua professora e resolveram juntos analisar de onde viriam aqueles metais que estavam prejudicando as pessoas da comunidade. Eles se concentraram em saber como era feito esse descarte, foram as lojas e empresas da sua cidade pesquisar como era feito o descarte dos materiais.

Grande surpresa foi descobrirem que algumas dessas empresas apenas recolhiam o material e não realizavam o descarte adequado. Umas jogavam em aterros sanitários, outras descartavam em um rio próximo, o mesmo rio que abastecia a cidade e cuja água não estava sendo tratada. Luíza informou a Júnior que esses procedimentos eram inadequados, pois a contaminação do solo e da água posteriormente consumida prejudica os seres vivos.

Pensando nisso procuraram um técnico em análise de água para saber se a água estava contaminada. Após alguns dias, como era de se esperar, receberam a notícia de que havia acúmulo de metais na água. A partir disso a professora se empenhou e usou sua aula para esclarecer e conscientizar os alunos da real situação.

Para começar a professora explicou que os metais apresentam algumas propriedades completamente diferentes das apresentadas por outras substâncias, mas ressaltou que iria falar em especial de alguns metais para depois retornar ao assunto em sua amplitude. Começou explicando sobre o chumbo, que é um metal cinza e mole e seu emprego principal consiste na fabricação de baterias. Luíza pediu que os alunos prestassem muita atenção, pois ela iria contar uma história muito importante para que eles refletissem: “o chumbo como muitos dos metais é um elemento tóxico. Alguns historiadores pensam que o declínio do império romano ocorreu, parcialmente, devido a doenças, infertilidade e mortes causadas pelo envenenamento por chumbo. Parece que a aristocracia romana fez grande uso de chumbo em encanamento de água e utensílios de cozinha”...

Júnior levantou e expôs para a turma que conhecia uma situação semelhante e por esse motivo dois colegas da sala não estavam frequentando as aulas. A professora explicou que, exatamente por esse motivo ela dedicou a aula para tratar do assunto, e propunha que a turma se reunisse para buscar uma solução.

Agora imagine que você (o grupo) é Júnior, e juntamente com seu professor e colegas devem continuar essa pesquisa, apresentando uma solução coerente para o problema do descarte das pilhas e baterias.

Objetos de Conhecimento contemplados:

Investigação Científica;

Divulgação e comunicação de resultados, conclusões e propostas pautados em discussões, argumentos, evidências e linguagem científica;

Leitura e interpretação de temas voltados às Ciências da Natureza e suas Tecnologias, utilizando fontes confiáveis (dados estatísticos; gráficos e tabelas; infográficos; textos de divulgação científica; mídias; sites; artigos científicos)

Materiais (propriedades físico-químicas, estruturas, composições, características, toxicidade);

Poluição de ambientes aquáticos e terrestres por materiais tóxicos provenientes do descarte incorreto;

Lixo eletrônico (descarte consciente).

Habilidades em foco:

(EM13CNT301) Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experimentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva científica.

(EM13CNT302) Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimentos, elaborando e/ou interpretando textos, gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de diferentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover debates em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevância sociocultural e ambiental.

(EM13CNT303) Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações.

(EM13CNT104) Avaliar os benefícios e os riscos à saúde e ao ambiente, considerando a composição, a toxicidade e a reatividade de diferentes materiais e produtos, como também o nível de exposição a eles, posicionando-se criticamente e propondo soluções individuais e/ou coletivas para seus usos e descartes responsáveis.

(EM13CNT105) Analisar os ciclos biogeoquímicos e interpretar os efeitos de fenômenos naturais e da interferência humana sobre esses ciclos, para promover ações individuais e/ ou coletivas que minimizem consequências nocivas à vida.

(EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, psicoemocional e social, a fim de desenvolver e divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar.

(EM13CNT306) Avaliar os riscos envolvidos em atividades cotidianas, aplicando conhecimentos das Ciências da Natureza, para justificar o uso de equipamentos e recursos, bem como comportamentos de segurança, visando à integridade física, individual e coletiva, e socioambiental, podendo fazer uso de dispositivos e aplicativos digitais que viabilizem a estruturação de simulações de tais riscos.

(EM13CNT307) Analisar as propriedades dos materiais para avaliar a adequação de seu uso em diferentes aplicações (industriais, cotidianas, arquitetônicas ou tecnológicas) e/ou propor soluções seguras e sustentáveis considerando seu contexto local e cotidiano.

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