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O Método Estudo de Casos

O método de Estudos de Casos é uma proposta aprimorada do método de Aprendizagem Baseada em Problemas, também conhecido como Problem Based Learnig (PBL), iniciado há cerca de trinta anos na Escola de Medicina da Universidade de McMaster em Ontário, Canadá, com a finalidade de possibilitar aos graduandos, o acesso a problemas reais bem como a aprendizagem dos conteúdos pertinentes da área.

Inicialmente, esse método, era utilizado apenas nas áreas de Saúde e Humanas, em cursos de medicina, direito e administração. Atualmente, o Método de Estudos de Caso vem sendo empregado também na área de Educação em Ciências. James Bryant Conant, da Universidade de Harvard, foi o primeiro educador de Ciências a estabelecer uma disciplina fundamentada em Estudo de Caso.

O primeiro trabalho referente ao Método do Estudo de Casos em Ciências foi o artigo Case studies in science: a novel method of science education e a partir dele, vários outros foram publicados no Journal of College Science Teaching, uma revista da área de educação em Ciências. Esta revista acabou criando uma seção destinada somente a esse assunto, a The case study, que existe até hoje.

 

No ensino de Química, publicações referentes ao Estudo de Caso ocorreram, pela primeira vez, em 1998, através da revista The Journal of Chemical Education, que também criou uma seção nomeada Teaching with problems and case studies com a finalidade de aumentar o número de publicações sobre este assunto na área de Química.

No Brasil, o emprego de Estudo de Casos em Ciências, especificamente em Química, é ainda pequeno no Ensino Superior e ainda mais reduzido no Ensino Médio. Autoras como Salete Queiroz e Luciana Sá possuem ricas publicações referentes a essa proposta de ensino, principalmente em Química no Ensino Superior e acreditam que essa estratégia também tem potencialidade para ser aplicada no Ensino Médio.

O Estudo de Caso é uma proposta baseada na participação ativa do aluno em sala de aula e consiste na utilização de narrativas sobre dilemas vivenciados por pessoas que necessitam tomar decisões importantes a respeito de determinadas questões. Tais narrativas são chamadas de casos investigativos e é o que difere o método das demais variantes da aprendizagem baseada em problemas. O objetivo é colocar o aluno em situações que podem ser reais ou baseada na realidade e podem ser solucionados através, por exemplo, de pesquisas individuais ou em grupo, discussões coletivas e entrevistas. O estudante é incentivado a investigar: ele identifica o problema, procura informações, analisa as alternativas, levanta hipóteses, encontra possíveis soluções, faz o julgamento destas e, a partir disso, chega a uma tomada de decisão. Por fim, ele se utiliza da argumentação e persuasão para convencer os demais colegas de que a sua solução é a mais viável. Isto proporciona ao estudante a possibilidade de aprimoramento de habilidades de resolução de problemas e, com isso, estimula o senso crítico do aluno a respeito das situações vivenciadas. 

Os casos investigativos devem ser situações que os alunos possam enfrentar realmente e devem narrar uma história que desperte o interesse pela questão, deve ser atual e capaz de produzir empatia com os personagens principais. Assim, o estudante familiarizado com os personagens e as circunstâncias se apropriam do problema como se fosse seu.

As autoras Sá e Queiroz destacam que, mesmo utilizando casos já elaborados, ou elaborando seus próprios casos, os professores devem conhecer e considerar os conteúdos científicos que serão estudados, as habilidades e atitudes que serão desenvolvidas etc., para que possam formular questões e conseguir assim, exercitar seu papel de facilitador durante o processo de aprendizagem do aluno.

REFERÊNCIAS:

SÁ, L. P. A argumentação no Ensino Superior de Química: investigando uma atividade fundamentada em estudos de casos. Dissertação (Mestrado em Ciências – Química Analítica) - Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2006.

SÁ, L. P.; QUEIROZ, S. L. Casos investigativos como estratégia para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e da capacidade de tomada de decisão de alunos de graduação em Química. Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências. Atas do V ENPEC, n.5, 2005.

 

SÁ, L.P.; QUEIROZ, S. L. Estudo de Caso no Ensino de Química. 2. ed. São Paulo: Editora Átomo, 2010.

SÁ, L. P.; FRANCISCO, C. A.; QUEIROZ, S. L. Estudo de Caso em Química. Química Nova, v.30, n.3, 2007, p.731-739.

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